A fase da Tesla não é das melhores e números recentes da comercialização dos seus automóveis ao redor do mundo reforçam a má fase da montadora. Embora a venda de carros elétricos esteja em alta globalmente, a empresa de Elon Musk está na direção contrária desde o começo do ano pela primeira vez em muito tempo.
Nos Estados Unidos, a Tesla atingiu em agosto de 2025 a pior fatia de mercado desde 2017, agora sendo responsável por 38% dos veículos elétricos vendidos no país. Por outro lado, a venda de carros dessa categoria na região subiu 24% de um mês para o outro, indicando que a questão não é de mercado, mas específica com a montadora.
Já na Europa, o registro de novos veículos da Tesla em julho de 2025 foi de 8.837 carros. Esse número representa uma queda de 40% em relação ao desempenho no mesmo período do ano passado e soma o sétimo mês da montadora com menos carros comercializados consecutivamente — enquanto a rival BYD subiu 225% e registrou 13.503 automóveis.
Apenas a Noruega segue como um país que ainda dá preferência para a venda de carros da marca. Nos demais países, onde a comercialização de elétricos e híbridos tem aumentado, a queda fica entre 47% (na França) e 84% (na Suécia).
Por fim, os números da China incluem altos e baixos. A marca vendeu 57.152 carros em agosto de 2025 no país e melhorou esse volume em 48% em comparação com maio, mas a performance é 10% pior do que no ano passado. Por lá, ela só vendeu mais veículos do que em 2024 nos meses de março e junho.
O que deu errado para a empresa recentemente
- A concorrência aumentou consideravelmente em duas frentes: o aumento nos lançamentos de modelos híbridos ou elétricos de grandes montadoras, como Hyundai e Honda, e também das chinesas como a BYD;
- As vendas do Cybertruck não engrenaram, apesar de falas de Musk sobre um altíssimo número de reservas, e o veículo foi constantemente afetado por recalls por problemas de estrutura ou funcionamento;
- A Tesla não lança novos carros há algum tempo, exceto atualizações de veículos como o Model Y, e descartou fabricar versões mais acessíveis em preço (mesmo depois de ter anunciado a ideia);
- Um dos destaques da montadora, que é o sistema de autonomia Full Self Driving, está em crise de reputação após constantes acidentes e a primeira derrota da marca nos tribunais por responsabilização em um acidente;
- A associação política de Musk com os Republicanos nos EUA e outros partidos conservadores ao redor do mundo, além do cargo público que manteve por seis meses no Departamento de Eficiência do Governo (DOGE), mancharam a imagem da montadora e tornaram ela um símbolo político;
Qual o futuro da Tesla?
De acordo com a Cox Automotive, empresa de consultoria que analisou os dados da Tesla nos EUA, a queda nas vendas é até natural na medida em que a empresa começa a mudar de rumo. Recentemente, ela parece apostar mais em serviços de automação — os táxis autônomos Cybercab e o robô humanoide Optimus — do que em veículos.
Por outro lado, essa mudança de foco faz a receita da venda de automóveis cair e a Tesla deixar de ser referência no setor, o que é perigoso em um momento em que essa ainda é a principal fonte de receita da companhia.

Mesmo neste momento difícil, o conselho da Tesla recentemente propôs um pacote salarial recorde de até US$ 1 trilhão para Musk, caso o executivo cumpra metas ousadas de desempenho nos próximos dez anos. Os objetivos envolvem valorizar ainda mais a companhia como um todo, mas também envolvem a venda de carros.