A Tesla está pedindo aos investidores que aprovem um plano para aumentar o salário do cofundador e CEO Elon Musk para quase US$ 1 trilhão. O valor é um pacote de 10 anos e só vale se o executivo atingir uma série de metas, incluindo aumentar em oito vezes a avaliação de mercado da empresa.
Musk já é a pessoa mais rica do mundo e, se a proposta for aprovada, será a maior remuneração corporativa na história. Com isso, o executivo também deve ter mais poder de decisão na Tesla, em um momento de desaceleração nas vendas, mas com altas expectativas para o futuro devido ao serviço de robotáxis e robôs humanoides.
Especialistas destacaram que, se o projeto for para a frente, pode mudar a forma como CEOs são remunerados atualmente. Além disso, reforça a dependência da Tesla à Elon Musk.

Elon Musk pode ganhar salário de até 1 trilhão
Segundo documentos financeiros internos da Tesla obtidos pela imprensa internacional nesta sexta-feira (5), o valor proposto é de US$ 975 bilhões (cerca de R$ 5,2 trilhões). No entanto, o salário só chegaria realmente a esse montante se a empresa atingisse uma série de metas sob o comando de Elon Musk nos próximos 10 anos. O valor é um pacote que também vale para esse período.
Uma das metas é que o valor de mercado da montadora deve aumentar de US$ 1 trilhão para mais de US$ 8 trilhões em uma década. Além disso, a empresa precisa entregar 20 milhões de veículos e 1 milhão de robôs humanoides, vender 10 milhões de assinaturas FSD (serviço de direção assistida) e ter 1 milhão de robotáxis em operação comercial.
De acordo com a presidente da Tesla, Robyn Denholm, durante o programa Squawk Box da CNBC, o plano foi elaborado para manter Musk “motivado e focado em entregar resultados”.
O projeto ainda precisa ser aprovado pelos acionistas. A votação deve acontecer na assembleia anual da empresa, marcada para 6 de novembro.

Musk pode ter mais poder de decisão na Tesla
Se Musk atingir as metas, além do aumento na remuneração, vai ganhar mais de 423 milhões de ações adicionais da Tesla. O executivo, que já detém 13% das ações da empresa, chegaria a um controle de 25%.
Com isso, ele teria controle majoritário da montadora e maior poder de voto. Essa expansão do próprio poder dentro da companhia é algo que Musk vem cobrando desde o início do ano passado, inclusive tendo ameaçado sair do comando da Tesla se não conseguisse o que queria.
De acordo com a presidente da montadora, se o pacote for aprovado pelos acionistas, não criaria limites em como o executivo usa seu horário de trabalho dentro da empresa.

O que especialistas pensam do ‘aumento’ de Elon Musk na Tesla?
Especialistas financeiros consultados pela Reuters opinaram sobre o projeto:
- David Wagner, chefe de ações e gestor de portfólio da Aptus Capital Advisors, acredita que, mesmo que os acionistas nem sempre gostem das ações de Elon Musk, o pacote salarial mostra que ele continua sendo o “homem-chave na inovação” na Tesla. Inclusive, o plano reforça a dependência da montadora no CEO;
- Brian Mulberry, gerente sênior de portfólios da Zacks Investiments Management, destaca que Musk tem um trabalho difícil pela frente. No entanto, se realmente conseguir aumentar a avaliação da Tesla em mais de oito vezes em uma década, a remuneração de 1 trilhão seria “razoável”;
- Dan Coastworth, analista de investimentos da AJ Bell, também reforçou a dependência da Tesla de Musk. Afinal, em um momento, o conselho estava se perguntando se o executivo seria a escolha certa para comandar a empresa, já que suas “opinião francas e distrações políticas” tinham criados problemas. Em outro, está tentando mantê-lo no comando pelo maior tempo possível;
- Já para Adam Sarhan, diretor-executivo da 50 Park Investiments em Nova York, um salário altíssimo atrelado a resultados não é novidade, mas, se a proposta for para frente e Musk de fato conseguir o feito, vai estabelecer um novo padrão de incentivos para CEOs – algo que repercutirá em salas de reunião e conselhos de empresa no mundo todo.
Se Musk conseguir entregar resultados alinhados a essas metas, o pacote poderá dar início a uma nova era na remuneração dos executivos. Caso contrário, poderá gerar críticas sobre governança e equidade salarial.
Adam Sarhan, diretor-executivo da 50 Park Investiments em Nova York, à agência de notícias Reuters
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