No topo de uma organização, cada decisão é uma peça estratégica com poder para criar mercados, romper modelos de negócio ou, no pior cenário, comprometer a própria sobrevivência da companhia. É nesse nível que o impacto de uma escolha não se limita ao próximo trimestre: ele se projeta sobre anos de operação, influenciando investidores, clientes e toda a cadeia de valor.
Ainda assim, muitas decisões C-Level ainda são tomadas com base no “feeling”, fruto da experiência acumulada, mas, muitas vezes, desconectado da realidade que os dados revelam. Intuição é valiosa, mas, isolada, é uma aposta. Em um cenário de volatilidade econômica, avanços tecnológicos acelerados e concorrência global, apostar às cegas custa caro.
Decisão com base em evidência não engessa. Ela liberta.
Estudos da McKinsey mostram que empresas orientadas por dados são seis vezes mais propensas a reter clientes e 19 vezes mais propensas a serem lucrativas, além de terem 23 vezes mais chances de conquistar novos clientes. Isso significa que evidência não substitui visão estratégica, ela potencializa sua execução e reduz o espaço para erros caros.
A lógica é simples: dados não eliminam incertezas, mas reduzem margens de erro e aumentam a confiança na direção escolhida e confiança aqui não é subjetiva, é medível. De acordo com a McKinsey, negócios que utilizam dados estruturados podem crescer entre 15% e 25% acima da média do mercado.
No Brasil, 53% das decisões executivas ainda são tomadas com dados desatualizados, e apenas 7% contam com informações em tempo real, de acordo com pesquisa publicada pela Revista LIDE. O efeito disso é previsível: decisões estratégicas sendo tomadas com base em um cenário que já mudou e, no mundo digital, mudanças acontecem em dias, não em meses.
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Essa defasagem é um risco silencioso. Quando os dados não refletem a realidade, o tempo de reação aumenta, a execução perde precisão e a empresa se torna vulnerável a players mais ágeis. Em outras palavras, no mercado atual, não basta saber decidir, é preciso decidir rápido e com base no presente, não no passado.
Evidência não é apenas um relatório no final do mês, ela é uma ferramenta ativa de criação de valor. É o que permite que companhias reestruturem operações, antecipem tendências e personalizem experiências em tempo real.
Cultura data-driven: o verdadeiro motor
Ferramentas avançadas, como mineração de processos e modelagem preditiva, revelam gargalos invisíveis e permitem correções quase imediatas. Mas tecnologia por si só não muda o jogo, o que muda é a cultura data-driven, que garante que todos, do conselho ao front, tomem decisões baseadas na mesma fonte de verdade.
Decidir com base em evidência não significa eliminar a coragem de liderar. Significa ter coragem com respaldo. Significa que cada passo dado no presente está ancorado naquilo que o futuro já começa a sinalizar e, no ritmo acelerado da economia digital, isso pode ser a diferença entre liderar e ser liderado.
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