A Índia virou o principal alvo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nos últimos dias. O republicano aumentou as tarifas contra o país, que faz parte dos BRICS, de forma muito semelhante ao que fez com o Brasil.
A diferença em relação ao que aconteceu por aqui, no entanto, é que o Unified Payments Interface (UPI) ficou de fora do braço de ferro. Ele é o sistema de pagamentos instantâneos indiano e conta com uma história bastante parecida com o Pix.

EUA enxergam Pix como uma ameaça
- Antes de mais nada precisamos relembrar o que aconteceu no Brasil.
- Além de anunciar tarifas contra o Brasil, Trump ordenou a abertura de uma investigação comercial contra o país.
- O documento citou o sistema de transferências instantâneas brasileiro como uma prática desleal em relação a empresas norte-americanas.
- As críticas da Casa Branca ao Pix podem ser explicadas pela concorrência com Whatsapp Pay e bandeiras de cartão de crédito dos EUA.
- Um dos motivos especulados para a medida é de que o Banco Central teria favorecido o Pix em detrimento do WhatsApp Pay em 2020.
- Lembrando que o aplicativo é da empresa Meta, de Mark Zuckerberg, aliado de Trump.
- O sistema de pagamentos brasileiros também é considerado uma alternativa ao dólar em algumas transações internacionais, o que desagrada Trump.
- Ao mesmo tempo,
operadoras de cartão de crédito dos EUA podem se sentir ameaçadas com a nova funcionalidade do “Pix Parcelado”, previsto para começar a funcionar em setembro deste ano.
- Após as conclusões da Casa Branca, o presidente Lula saiu em defesa da tecnologia brasileira.
- Ele afirmou que o Pix é uma operação consagrada, com ampla aceitação popular e sem previsão de mudanças ou possibilidade de interferência estrangeira.
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Setor privado é responsável pela operação do sistema indiano
O Unified Payments Interface foi lançado em 2016, sendo anterior ao Pix. A ferramenta foi desenvolvida a partir de uma iniciativa do governo com o objetivo de promover a digitalização no país. A plataforma rapidamente se tornou o principal meio de pagamentos no país e hoje responde por 83% das transações digitais. Cerca 500 milhões de indianos usam o serviço, que processa mais de 18 bilhões de transações por mês.
Uma diferença em relação ao Pix é que o UPI não ficou restrito ao território indiano. A tecnologia pode ser acessada em locais Butão, Nepal, Cingapura, Emirados Árabes Unidos, Sri Lanka e França. A próxima meta é fazer o sistema de pagamentos chegar aos países do BRICS, inclusive ao Brasil. Mesmo assim, a ferramenta da Índia segue fora do radar do protecionismo da gestão Trump.

Segundo reportagem da BBC, existe uma explicação para a diferença de tratamento dada pelo governo dos EUA. O Pix foi desenvolvido completamente dentro da estrutura do Banco Central, algo que não aconteceu no caso do UPI. No modelo indiano, o governo atua principalmente como regulador, deixando o papel de operador para o setor privado.
Essa característica acabou favorecendo grandes empresas dos Estados Unidos, que hoje são protagonistas na última etapa da cadeia do UPI, a do consumidor final. Google e Walmart, por exemplo, respondem por mais de 80% das transações feitas a partir do sistema de pagamentos na Índia. Dessa forma, a Casa Branca não enxerga nenhuma ameaça aos seus interesses.
O post Trump eleva o tom contra a Índia, mas deixa ‘Pix indiano’ de fora; entenda apareceu primeiro em Olhar Digital.