Um novo estudo liderado pela Universidade da Flórida, com a colaboração da Universidade de Washington e da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, faz uma descoberta no mínimo intrigante. Um peixe com um dente em forma de haste na cabeça e que ele usa essa haste para acasalamento.
Os machos do ‘tubarão-fantasma’, peixes que vivem em águas profundas, apresentam uma característica única. Também conhecidos como quimeras, esses peixes são parentes de tubarões e arraias, mas com uma particularidade: eles têm uma haste nascendo de sua cabeça, “cravejada de dentes afiados e retráteis”, explica matéria no Phys.org.
Haste dentária é utilizada para o acasalamento
No estudo realizado pela equipe do Professor Gareth Fraser, Ph.D., professor de biologia da Universidade da Flórida e autor sênior, foi constatado que a haste dentada só ocorre nos machos da espécie e é usada para segurar as fêmeas durante o acasalamento, de maneira semelhante à mordida dos tubarões. Essa descoberta revelou várias curiosidades sobre os tubarões-fantasma:
- Apenas os machos possuem a haste dentada na cabeça.
- A estrutura é utilizada especificamente durante o acasalamento.
- Os dentes da haste são diferentes dos dentes da boca, mas formados pelos mesmos genes.
- Estruturas semelhantes já foram encontradas em fósseis com 315 milhões de anos.
- Esses peixes vivem em águas profundas e são parentes de tubarões e arraias.
- A descoberta demonstra a impressionante flexibilidade da evolução.
- Nunca antes haviam sido identificados dentes fora da boca com essa função.
Esses achados mostram como a biologia dessas criaturas continua surpreendendo os cientistas e destacam adaptações evolutivas únicas no reino marinho.
Se essas quimeras têm dentes grudados na parte frontal da cabeça (…0 onde mais poderíamos encontrar dentes?
Gareth Fraser, Ph.D., professor de biologia da Universidade da Flórida e autor sênior do estudo ao Phys.org.
Para entender a função desse tentáculo, a equipe do professor Fraser estudou fósseis e espécimes vivos, encontrando um parente muito distante, um fóssil de 315 milhões de anos com um “tentáculo preso à mandíbula superior, com dentes incrivelmente semelhantes aos da boca”.
Processo é o mesmo entre os tubarões-fantasma e tubarões
As amostras estudadas de tubarões-fantasma modernos apresentaram o mesmo processo de crescimento dentário na cabeça que tubarões. Além disso, testes genéticos demonstraram os mesmos genes para os dentes no tentáculo e os dentes orais.
Fraser explica que “os dentes neste estranho apêndice se parecem muito com fileiras de dentes de tubarão”.
A dúvida, até então, era entender se essas hastes eram cobertas de dentes verdadeiros ou continham escamas parecidas com dentes que cobrem a pele de algumas espécies de tubarão, o que foi comprovado pelo estudo.
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Mas, mais intrigante ainda era entender a função desse tentáculo dentado. Karly Cohen, pesquisadora nos Laboratórios Friday Harbor, da Universidade de Washington, comenta que nunca havia “identificando dentes fora da boca dessa forma antes”, e o fato deles serem usados para o acasalamento “demonstra a impressionante flexibilidade da evolução.
Ainda há muitas surpresas nas profundezas do oceano que ainda não descobrimos.
Gareth Fraser, Ph.D., professor de biologia da Universidade da Flórida e autor sênior do estudo ao Phys.org.
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