Um ataque de drones da Ucrânia destruiu o radiotelescópio RT-70 da Rússia, que era utilizado para dar suporte às missões no espaço profundo e em pesquisas que procuram vida fora da Terra, conforme revelou o site Space.com na quinta-feira (18). A ofensiva aconteceu no final de agosto.
Imagens divulgadas no X mostram as aeronaves não tripuladas se aproximando e colidindo com a antena gigantesca, de 70 m de diâmetro, localizada na Crimeia e sob a administração do governo russo desde 2014. Rumores sugerem que o equipamento havia passado por modificações para uso em comunicações militares, motivando o ataque das forças ucranianas.
У Криму “Примари” ГУР знищили російський радіотелескоп РФ РТ-70 pic.twitter.com/XG0w2hMGiJ
— Українська правда ✌️ (@ukrpravda_news) August 31, 2025
Rede Soviética do Espaço Profundo
Construído na década de 1970 pela então União Soviética, o RT-70 era um dos maiores radiotelescópios do mundo. Instalado perto da cidade de Yevpatoria, ele integrava uma rede que apoiava missões espaciais e observações astronômicas via rádio e radar.
- Um dos primeiros trabalhos da Rede Soviética do Espaço Profundo foi o programa espacial Venera, que lançou sondas para explorar Vênus;
- Posteriormente, o equipamento também deu suporte às missões Mars Express e Rosetta, da Agência Espacial Europeia, com destino a Marte e ao cometa 67/P, respectivamente;
- O RT-70 contribuiu, ainda, com o Search for Extraterrestrial Evidence (SETI), programa que tem como objetivo encontrar vida inteligente no espaço, além de ter sido envolvido em pesquisas sobre planetas, asteroides e galáxias;
- Em várias ocasiões, a instalação enviou mensagens tentando entrar em contato com seres de outros planetas, mas algumas ainda nem chegaram ao seu destino, devido à enorme distância da Terra.
Uma dessas comunicações foi direcionada ao exoplaneta Gliese 581c, localizado a 20,5 anos-luz do nosso planeta. O pacote, disparado em 2008, contém mais de 500 arquivos, entre imagens, textos e áudios escolhidos pelo público, que têm previsão de chegada para 2029.
A partir da anexação da península da Crimeia, há 11 anos, o radiotelescópio passou a ser controlado por Moscou. Entre os investimentos feitos, desde então, vale destacar o uso da antena de rádio para aumentar em 30% a precisão do GLONASS, o “GPS russo”.

Reparo pode ser caro e demorado
Relatos da imprensa russa dão conta de que os drones ucranianos miraram, principalmente, o receptor de rádio de 200 kW que ficava na parte central do telescópio RT-70. A peça customizada foi instalada durante a última grande atualização do equipamento.
Devido às características do componente produzido em 2011, especialistas acreditam que a sua substituição não ocorrerá tão cedo, deixando as atividades na instalação paralisadas durante algum tempo. Além disso, o reparo deverá ter um alto custo para a Rússia.
É válido destacar que instalações de pesquisa astronômicas da Ucrânia também sofreram diversos danos desde o início da guerra. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) estima que serão necessários pelo menos US$ 1,26 bilhão (R$ 6,6 bilhões) para restaurar a infraestrutura científica no país.
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