Um estudo internacional permitiu, pela primeira vez, acompanhar a transformação de uma estrela moribunda ao longo de mais de um século. O objeto em questão é a Nebulosa Planetária IC418, conhecida como “espirógrafo”, formada por uma estrela que está perdendo suas camadas externas e criando padrões luminosos característicos.
Início do estudo
- As observações tiveram início em 1893, com telescópios da era vitoriana, e foram complementadas por dados de observatórios modernos;
- Ao reunir essas informações, os cientistas identificaram que a luz verde emitida pela nebulosa ficou 2,5 vezes mais intensa nesse período. Esse brilho se deve a átomos de oxigênio – o mesmo fenômeno que explica as auroras boreais e austrais na Terra;
- O levantamento também revelou que a estrela central da nebulosa aumentou sua temperatura em três mil graus desde então, o que equivale a cerca de mil graus a cada 40 anos. Para efeito de comparação, quando o Sol era mais jovem, levou dez milhões de anos para aquecer mil graus;
- Os pesquisadores mediram que a estrela possui, atualmente, cerca de 57% da massa solar. Antes de perder camadas, sua massa original variava entre 1,25 e 1,55 vezes a do Sol;
- O estudo, no entanto, mostrou que seu aquecimento ocorre de forma mais lenta que o previsto pelos modelos existentes;
- A hipótese levantada pela equipe é que a estrela produziu carbono, o que sugere que estrelas capazes desse processo podem ter massas menores do que se imaginava.
“Muitas vezes ignoramos dados científicos obtidos no passado. Neste caso, esses registros revelaram a evolução mais rápida de uma estrela típica já observada diretamente. O passado mostra que os céus não são tão imutáveis quanto pensamos”, afirmou, em comunicado, o professor Albert Zijlstra, da Universidade de Manchester (EUA), que liderou a pesquisa.
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Reunindo dados centenários sobre a estrela
O processo de reunir 130 anos de medições não foi simples. As observações mais antigas eram feitas a olho nu e mesmo as modernas utilizaram diferentes telescópios. Cada dado precisou ser verificado, calibrado e combinado para que pudesse ser aproveitado. O esforço resultou em conclusões que não seriam possíveis sem uma série histórica tão extensa.
“Acreditamos que esta pesquisa é importante porque oferece evidências diretas e únicas de como evoluem as estrelas centrais de nebulosas planetárias. Isso nos levará a repensar alguns de nossos modelos atuais sobre os ciclos de vida estelar”, explicou o professor Quentin Parker, da Universidade de Hong Kong, coautor do estudo.
Ele acrescentou: “Foi um forte esforço conjunto – coletando, verificando e analisando, cuidadosamente, mais de um século de dados astronômicos e integrando-os a modelos de evolução estelar. É um processo desafiador que vai muito além da simples observação e somos gratos pela oportunidade de contribuir dessa forma com nossa área.”
O estudo foi publicado na revista The Astrophysical Journal Letters.
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