O que antes era um sonho distante, hoje já é realidade: o streaming de games está cada vez mais presente no Brasil e veio para ficar. Segundo a Pesquisa Game Brasil, um a cada três brasileiros já utilizou esse tipo de tecnologia para jogar, seja no celular, computador ou até mesmo direto na TV.
Ao usar um serviço de jogos em nuvem, você pode transmitir o gameplay via internet, sem precisar instalar o game ou ter um hardware potente. É como se você tivesse um console ou PC de milhares de reais disponível a qualquer momento para aproveitar.
Uma das plataformas que oferece esse tipo de serviço no Brasil é o GeForce Now, da Nvidia. Fornecido pela parceira Abya no país, o streaming está disponível em diferentes faixas de preço, incluindo uma versão grátis.
Graças a um código de teste fornecido pela distribuidora, eu tive a chance de experimentar um mês do plano Ultimate, o mais potente do serviço no país. Enquanto o valor das assinaturas premium é alto, o serviço entrega uma experiência de alta qualidade. No entanto, é importante conhecer bem as opções de assinatura para ver o que vale a pena para você.
Como funciona o GeForce Now?
Na prática, o GeForce Now funciona como um PC gamer remoto rodando na nuvem. Em vez de executar o jogo no seu computador, celular ou TV, todo o processamento acontece nos servidores da Nvidia — no Brasil, operados pela Abya — e o que chega até você é apenas o streaming da imagem, som e comandos em tempo real.
Isso permite que mesmo dispositivos modestos rodem jogos pesados com gráficos no máximo, tecnologias como RTX ativado e altas taxas de quadros, desde que a conexão com a internet seja estável. O serviço entrega uma experiência claramente premium de streaming, com opções de personalização gráfica, suporte a tecnologias modernas como DLSS 2.0, Ray Tracing (RTX ON) e até recursos extras, como o NVIDIA Highlights, que salva automaticamente momentos marcantes da jogatina.
Um ponto fundamental, porém, é entender o modelo do GeForce Now: diferente do Game Pass, o serviço da Nvidia não oferece um catálogo próprio de jogos. Para jogar, você precisa ser dono dos títulos nas lojas compatíveis — como Steam, Epic Games Store e Ubisoft Connect — ou então aproveitar games gratuitos, como Fortnite, Rocket League e outros títulos free-to-play.
O serviço basicamente conecta suas bibliotecas já existentes a máquinas virtuais extremamente potentes. Ao pagar a assinatura ou usar o plano grátis, você roda os jogos que já são seus dentro da plataforma.
Hoje, o GeForce Now suporta mais de 2.200 jogos, com acesso em PCs Windows, macOS, Android, iOS (via navegador), Chromebooks e Smart TVs, o que amplia bastante as possibilidades de uso. É uma proposta que conversa diretamente com quem já investiu em jogos de PC, mas não necessariamente quer — ou pode — manter um hardware parrudo sempre atualizado.
Gráficos, desempenho e recursos avançados fazem a diferença
O grande diferencial do GeForce Now está na qualidade da entrega. Mesmo em planos intermediários, o serviço já oferece gráficos com RTX ativado, algo que ainda é raro entre concorrentes no Brasil. Nos planos mais avançados, como o Ultimate, a experiência se aproxima muito de um PC topo de linha.
Com suporte a DLSS 2.0, os jogos conseguem manter qualidade visual elevada sem comprometer desempenho, chegando a 2K a 60 FPS no plano Performance e até 4K com taxas altíssimas de quadros (teoricamente até 240 FPS) no Ultimate — desde que o jogo e o dispositivo suportem isso. Na prática, mesmo em resoluções mais baixas, o ganho em nitidez, estabilidade e fluidez é perceptível.
Outro ponto positivo é a consistência da imagem. O streaming do GeForce Now se destaca pela compressão eficiente e pela baixa latência, especialmente em conexões de boa qualidade. Não é exagero dizer que, em muitos momentos, a sensação se aproxima bastante de estar jogando localmente,
Quais são os planos do GeForce Now?
O GeForce Now se divide em três grandes categorias de assinatura no Brasil, cada uma mirando um perfil diferente de jogador. Ainda assim, é impossível ignorar que os valores ficam acima da média de outros serviços populares, como o Xbox Game Pass — especialmente nos planos mais robustos.
Plano Free
A oferta grátis do GeForce Now permite rodar jogos via nuvem por até uma hora, com fila de espera e exibição de anúncios enquanto você espera a sua vez. Para usar, basta criar uma conta com e-mail, sem precisar registrar uma forma de pagamento.
- Grátis
- Acesso padrão aos servidores
- Sessões limitadas a 1 hora
- RTX desligado
- Exibição de anúncios
- Ideal para testes rápidos ou jogos ocasionais
Planos Performance
- 2K a 60 FPS
- RTX ON
- Sem anúncios
- GPUs RTX com 8 vCPUs
- Acesso prioritário aos servidores
- Mais de 2.200 jogos compatíveis
- Mais de 200 jogos gratuitos e demos
Valores:
- Day Pass (24h): R$ 19,99
- Performance: até 40h/mês — a partir de R$ 65,99/mês
- Performance Pro: até 80h/mês — a partir de R$ 118,99/mês
- Performance Ultra: até 160h/mês — a partir de R$ 222,99/mês
É o plano que equilibra custo e qualidade, entregando uma experiência já muito superior ao Free, com sessões mais longas e desempenho consistente.
Planos Ultimate
- Até 4K e altas taxas de FPS
- RTX ON
- Sem anúncios
- GPUs RTX com 16 vCPUs
- Prioridade máxima nos servidores (sem filas)
- Mesma ampla biblioteca de jogos
Valores:
- Day Pass (24h): R$ 39,90
- Ultimate: até 50h/mês — a partir de R$ 129,90/mês
- Ultimate Pro: até 100h/mês — a partir de R$ 232,90/mês
- Ultimate Ultra: até 200h/mês — a partir de R$ 443,90/mês
No plano semestral mais avançado, o valor pode ultrapassar R$ 1.900, o que deixa claro que estamos falando de um serviço premium, pensado para quem realmente quer substituir um PC gamer de alto nível.
Experiência de uso: qualidade altíssima, com alguns tropeços inesperados
Durante os meus testes, o GeForce Now se mostrou uma das melhores opções para quem busca por streaming de games. Em uma conexão de internet de boa qualidade, o serviço funciona de forma fluida, com imagem limpa, comandos responsivos e sem atrasos perceptíveis — inclusive em jogos mais rápidos e competitivos.
No plano Ultimate, a experiência é ainda mais refinada. Não há filas, o acesso aos jogos é praticamente instantâneo e o ganho visual é claro, tanto em nitidez quanto em estabilidade. O uso de GPUs mais robustas se reflete diretamente no desempenho, com o único limitador sendo sua carteira e seus dispositivos.
Ao rodar o serviço em uma Smart TV da linha Samsung The Frame via Wi-Fi, por exemplo, tive alguns problemas de lag. No entanto, no momento em que usei um cabo de rede, o serviço já funcionou como esperado.
Outro grande acerto é a integração de múltiplas bibliotecas. Poder acessar jogos da Steam, Epic Games Store, Ubisoft e até títulos vinculados ao Game Pass (quando compatíveis) em um único serviço é uma enorme vantagem para quem já construiu uma coleção grande no PC, mas não tem um hardware à altura no momento.
A disponibilidade em múltiplas plataformas também é um ponto positivo. Além de funcionar em TVs e computadores, uma das melhores experiências que tive com o serviço foi o Steam Deck: enquanto o portátil tem limitações gráficas devido ao seu hardware, é possível garantir uma experiência visual de ponta usando o streaming com jogos recentes, como Black Ops 7 e Battlefield 6.
Os problemas do GeForce Now
Por outro lado, nem tudo é perfeito. O GeForce Now ainda herda alguns problemas típicos da experiência de PC. Em certos momentos, é necessário refazer logins nas lojas, mesmo após já ter autenticado a conta anteriormente, o que quebra um pouco a fluidez.
Em um dos testes, o serviço chegou a exibir um pop-up indicando que o jogo estava sendo instalado na máquina virtual, exigindo espera e, posteriormente, até a reinicialização do aplicativo. Para um plano caro como o Ultimate, esse tipo de situação foge do que se espera de uma experiência totalmente premium.
Quando comparado a rivais como o Xbox Game Pass, esse tipo de experiência mostra como o serviço ainda pode evoluir e melhorar para entregar uma usabilidade que realmente represente todo o potencial do GeForce Now.
Além disso, a precificação do serviço é extremamente confusa. Ao entrar na página dos planos, por exemplo, o site oficial indica que os preços partem de R$ 19,90, sem indicar que o valor considera apenas um dia de uso da plataforma – os planos mais caros beiram os R$ 2 mil.
Além disso, o serviço conta com a oferta de “horas jogadas por mês” e limites de tempo nas sessões de jogo, mesmo nos planos premium. Enquanto sessões de cinco a oito horas são suficientes para qualquer gamer, as limitações de tempo mensal podem se tornar um problema para gamers mais assíduos.
Fazendo um cálculo rápido e básico, o Plano Ultimate mensal, que custa R$ 129,90, permite jogar 50 horas por mês, o que dá cerca de 1,6 horas por dia ou duas horas e meia contando apenas cinco dias da semana. Enquanto jogadores mais casuais podem se contentar com esses números, o custo-benefício cai por terra ao considerar gamers mais hardcore, que passam horas e horas em jogos online, por exemplo.
O Xbox Game Pass virou alvo de polêmica no Brasil após ter seu plano aumentado para R$ 120 mensais, o que ainda está abaixo do Ultimate mensal do GeForce Now. Mesmo nesse cenário desfavorável, para um jogador mais casual, o preço do serviço da Abya acaba sendo nada convidativo.
Vale a pena?
O GeForce Now é, sem dúvida, o serviço de streaming de games mais completo disponível hoje no Brasil. Ele entrega qualidade de imagem, desempenho e recursos gráficos que rivalizam com PCs gamers de alto custo, algo que poucos concorrentes conseguem oferecer.
Para quem já possui uma biblioteca extensa de jogos no PC, o serviço faz ainda mais sentido. Ele funciona muito bem como uma solução para viagens, períodos sem computador potente ou até como alternativa temporária ao upgrade de hardware, permitindo jogar praticamente em qualquer lugar, desde que haja uma boa conexão com a internet.
Para quem não conta com um computador potente e costuma pegar jogos grátis em serviços como a Epic Store, o serviço também faz sentido. A expectativa é que os hardwares subam de preço de maneira estratosférica em 2026 por causa do investimento em IA, o que pode tornar o serviço uma alternativa interessante para quem pretende investir no PC futuramente.
Por outro lado, o preço é o maior obstáculo. Os planos mais avançados custam caro e exigem que o usuário avalie com cuidado se o investimento compensa frente à compra — ou manutenção — de um PC gamer tradicional. Enquanto o serviço oferece alta qualidade e os computadores devem ficar mais caros, o streaming acaba perdendo seu custo-benefício em alguns cenários de uso.
Para jogadores mais casuais, o serviço acaba já valendo a pena no plano grátis, com sessões de uma hora e uma fila de espera que, dependendo dos horários, não é tão longa – em horário comercial, tive que esperar uns cinco minutos para entrar no Fortnite, por exemplo.
Os planos pagos compensam mais para quem exige qualidade, acesso instantâneo e latência quase zerada, mas vale considerar se o investimento realmente é necessário. Afinal, se você jogar pouco e não se importar com gráficos, dá pra ficar com a versão grátis. Por outro lado, se você joga bastante e quer uma experiência premium, a dica é pegar a calculadora e ver qual dos múltiplos planos pode ser o ideal para você, pois os preços são salgados.