Robotáxis já circulam em várias cidades e prometem mais segurança no trânsito, mas incidentes recentes reacendem a dúvida: até que ponto dá para confiar em carros que dirigem sozinhos?
Após recalls, investigações e críticas de especialistas, o debate envolve tecnologia, estatísticas, falhas reais e o papel dos órgãos reguladores na segurança dessas máquinas.
Avanços promissores, mas falhas persistentes
Os veículos autônomos deixaram de ser ficção científica e já fazem parte da rotina em algumas cidades. Um dos principais nomes do setor é a Waymo, empresa que surgiu do Google em 2016 e hoje opera serviços de robotáxi. Apesar do avanço tecnológico, a empresa anunciou recentemente o recall de 3.067 veículos após relatos de robotáxis contornando ônibus escolares parados em Austin, no Texas.
Esse episódio se soma a outros registros ao longo dos anos, como conversões proibidas, paradas indevidas em cruzamentos e até atropelamentos de ciclistas. Ainda assim, a Waymo sustenta que seus carros são mais seguros do que motoristas humanos. Segundo dados divulgados pela própria empresa, seus veículos apresentam menos acidentes graves, menos acionamentos de airbag e menos ocorrências com feridos quando comparados a condutores humanos em trajetos semelhantes.
O que dizem os especialistas sobre a segurança
Especialistas reconhecem que a tecnologia tem méritos, mas está longe da perfeição.
Ainda não atingimos um nível de autonomia que contemple todos os cenários possíveis.
Taskin Padir, professor de engenharia elétrica e de computação da Northeastern University e pesquisador da área, em nota.
Ele afirma que sistemas autônomos podem superar humanos em vários aspectos, porém inevitavelmente cometerão erros, especialmente em situações raras e complexas. Por isso, Padir defende que empresas do setor atuem com responsabilidade e transparência, colaborando com autoridades para corrigir falhas à medida que surgem.
Entre os principais desafios atuais dos veículos autônomos estão:
- lidar com situações inesperadas no trânsito.
- operar com segurança fora de áreas controladas.
- garantir transparência nos dados divulgados.
- reduzir falhas em ambientes urbanos complexos
Estatísticas, limites e o papel da regulação
Mark MacCarthy, pesquisador sênior da Brookings Institution, reconhece que a Waymo tem demonstrado responsabilidade, mas alerta para limitações nas estatísticas apresentadas. Segundo ele, muitos testes ocorrem em áreas com restrições severas e, só recentemente, os veículos passaram a operar em rodovias, onde ocorre grande parte dos acidentes fatais.
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“É um salto dizer que eles são mais seguros do que humanos. Isso é levar as estatísticas um passo longe demais”, disse MacCarthy. Para ele, cabe aos órgãos reguladores decidir se um veículo autônomo é seguro o suficiente para circular.
Nos Estados Unidos, ainda não existem normas federais obrigatórias, mas a Administração Nacional de Segurança Rodoviária (NHTSA) tem poder para abrir investigações e exigir recalls. A agência investiga a Waymo desde outubro e já analisou outros casos envolvendo a empresa. Estados como a Califórnia também se destacam por exigir que fabricantes comprovem, de forma razoável, a segurança de seus veículos antes de liberá-los nas ruas.
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