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Venda de pó lunar da Apollo 11 comido por baratas é suspensa pela NASA

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Imagina ter um item vindo direto da Lua? Esse é o sonho de muitos entusiastas espaciais e pensando nisso uma empresa colocou algumas amostras que conseguiu da NASA à venda. Até parece tudo certo exceto por um detalhe: o pó lunar oferecido foi comido por baratas.

O caso viralizou já que as amostras foram trazidas pelos primeiros astronautas a pisar no satélite, diretamente da missão Apollo 11 e foram retiradas do estômago de baratas (?). De qualquer forma, a NASA interviu e pediu a suspensão da venda do item pela RR Auction alegando que possui a propriedade do material.

O item “Apollo 11 Lunar Soil Experiment (Baratas, Slides, and Post-Destructive Testing Specimen)” estava marcado para ir a leilão na última quinta-feira (23) quando a empresa foi notificada pela NASA. “A NASA afirma a propriedade legal dos materiais que consistem no experimento de poeira lunar Apollo 11 … com base nas informações e documentação fornecidas na descrição do lote e nas evidências sobre as práticas de contratação contemporâneas da NASA”, disseram os advogados da agência.

Item curioso

Mas você deve estar pensando, como a RR Auction conseguiu essas amostras? O pó lunar oi objeto de pesquisa pelo falecido Marion Brooks, que analisou efeitos fisiológicos do material lunar em baratas. Os animais foram alimentados com o pó lunar logo após a Apollo 11 pousar na Terra e, depois de confirmado que nenhum problema ocorreu com os insetos, os astronautas foram liberados da quarentena e Brooks recebeu as amostras.

Assim, enquanto pesquisadores do mundo todo esperavam para receber amostras lunares intocadas para estudo, Marion Brooks, entomologista da Universidade de St. Paul, resolveu se dedicar exatamente à análise do material contido dentro de oito baratas preservadas, ou “baratas em conserva”, como ela se referiu.

Brooks trabalhou com dois grupos de baratas. Um formado por insetos que foram alimentados com uma dieta mista, composta tanto por regolito lunar cru quanto por comida regular. O outro, por aqueles que ingeriram apenas a sujeira da Lua esterilizada.

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“Não encontrei nenhuma evidência de agentes infecciosos”, disse ela à imprensa na época, acrescentando que também não foram detectados sinais de que o solo lunar fosse tóxico ou perigoso para as baratas.

A cientista se aposentou em 1986, mas algum tempo antes disso, pegou o que restou de seu trabalho lunar para guardar de recordação: uma das lâminas de análise microscópica de tecido, um recorte de jornal descrevendo seus estudos, um cartão postal do Centro Espacial Tripulado (hoje Centro Espacial Johnson), uma réplica da placa Apollo 11 deixada na Lua, um envelope comemorativo e, obviamente, três das baratas Blatella germanica analisadas e um pouco do conteúdo de seus estômagos.

Ela então organizou tudo em uma tela emoldurada e pendurada em uma parede de sua casa, onde veio a falecer em 2007, aos 89 anos. Três anos depois, sua coleção foi leiloada pela antiga Galeria Regency-Superior por US$10 mil (o que, atualmente, seria algo em torno de R$47 mil). Parte disso foi revendida para a RR Auction.

Quadro de recordações da entomologista Marion Brooks, contendo itens relacionados a seus estudos das amostras lunares da Apollo 11. Imagem: RR Auction

Leilão do pó lunar

A RR Auction esperava arrecadar cerca de US$400 mil com o leilão das amostras. No entanto, após 12 lances o maior valor oferecido foi de US$ 36 mil. A empresa confirmou que, após o pedido da NASA, cancelou o leilão. 

“Por mais estranho que seja esse lote, o valor histórico do papel que essas baratas desempenharam no programa espacial dos EUA é inquestionável. Embora a RR Auction não se posicione sobre a legitimidade das reivindicações da NASA, sempre buscamos cooperar com o governo dos EUA em suas reivindicações de propriedade e decidiu retirar o lote para permitir que as partes resolvam o título claro”, diz o comunicado.

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