Em 2023, uma expedição paleontológica vasculhou o Grand Canyon em busca de fósseis e acabou fazendo uma descoberta curiosa: dentes minúsculos e diferentes entre si – alguns bem afiados e outros com pequenas “penas” nas laterais. Segundo os pesquisadores, esses dentes pertenciam a um antigo verme priapulídeo, popularmente chamado de “verme-pênis” por seu formato.
A descoberta foi feita por Giovanni Mussini, doutorando da Universidade de Cambridge, durante uma expedição pelo Rio Colorado, em uma região conhecida como Formação Bright Angel, uma camada rochosa com até 130 metros de espessura.

Mussini deu ao novo fóssil o nome de Kraytdraco spectatus, uma homenagem ao “dragão krayt” que aparece na série The Mandalorian, explica publicação na National Geographic.
Formato inusitado dá nome ao verme
De acordo com Giovanni Mussini, o Kraytdraco spectatus — apelidado de “verme-pênis” — podia chegar a 20 centímetros de comprimento. De dentro do corpo, ele escondia uma garganta retrátil e veloz, que lembra bastante o monstro do filme Alien, cercada por dentes afiados, ou Shai-Hulud, verme-de-areia que aparece no filme Duna.
Mas havia algo único nesse animal pré-histórico: além dos dentes ao redor da garganta, a parte interna era coberta por fileiras de dentes que pareciam pequenas penas — uma característica nunca vista antes em espécies semelhantes.

O nome desses vermes foi dado em homenagem a Príapo, deus romano da fertilidade, e são muito mais antigos que órgãos genitais vertebrados com que se parecem. Vestígios desses seres datam de antes do início do período Cambriano e sugerem que eles foram os primeiros predadores e escavadores dedicados do mundo. Ou seja, o K. spectatus tem por volta de 500 milhões de anos.
Para onde quer que olhemos nesses depósitos de preservação excepcional, como China e Burgess Shale, vemos priapulídeos.
Giovanni Mussini, doutorando da Universidade de Cambridge, à National Geographic.
Mussini e equipe explicaram que a faringe do verme-pênis se eleva como se estivesse perseguindo uma presa, abrindo sua boca e exigindo as fileiras de dentes emplumados no interior. Eles acreditam que a fileira de dentes maiores ao redor da borda serviam para raspar sedimentos e coletar algas e microrganismos na areia, assim como os anéis internos filtravam partículas mais finas.
Vermes-pênis existem até os dias atuais
Apesar do fóssil encontrado pela equipe de Mussini ter mais de 500 milhões de anos, os vermes-pênis são criaturas marinhas e, atualmente, existem mais de 20 espécies conhecidas e espalhadas pelos oceanos no planeta. No entanto ao contrário do K. spectatus elas medem apenas alguns milímetros de comprimento.

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Pode ter havido alguma tendência à miniaturização com o passar dos tempos.
Giovanni Mussini, doutorando da Universidade de Cambridge, à National Geographic.
Embora a atenção ao verme-pênis ser maior, diversos outros fósseis foram encontrados durante a expedição, como camarões e moluscos primitivos, que sugerem como era a vida naquela região.
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