Conforme noticiado pelo Olhar Digital, nesta quarta-feira (29), o cometa 3I/ATLAS está a 1,36 unidade astronômica (UA) do Sol, o que equivale a cerca de 204 milhões de km de distância. Chamado periélio, esse é o ponto mais próximo da estrela no trajeto do visitante interestelar pelo Sistema Solar.
Descoberto em julho deste ano, o 3I/ATLAS – terceiro grande “turista” vindo de fora do Sistema Solar – é um objeto de altíssima prioridade científica. Vindo de uma estrela desconhecida, o cometa carrega em sua composição química pistas sobre a formação de mundos em cantos inexplorados da Via Láctea.
De acordo com uma plataforma que divulga dados do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL), da NASA, o cometa atingiu o periélio especificamente às 8h47 (horário de Brasília). Nesse momento, ele recebe a maior quantidade de luz e calor solar. Com isso, parte do gelo que compõe o núcleo começa a sublimar (passa do estado sólido diretamente para o gasoso), criando a típica cauda brilhante e a nuvem difusa ao redor do núcleo chamada coma.
Cometa pode se desintegrar perto do Sol?
O 3I/ATLAS não chegou tão perto do Sol quanto, por exemplo, Mercúrio, que orbita o astro a apenas 0,39 UA (ou 58,3 milhões de km). Isso significa que ele não corre risco de ser totalmente destruído, embora possam ocorrer pequenas fraturas em regiões mais frágeis do núcleo. A maior expectativa dos astrônomos é descobrir como o corpo reagiu ao calor e quanta atividade ele apresentará a partir de então.
Segundo o site Live Science, a chance de fragmentação é considerada baixa, e o núcleo deve continuar praticamente intacto. Isso permitirá que os cientistas acompanhem a evolução do cometa por várias semanas após o periélio, coletando dados valiosos sobre sua estrutura e comportamento.
Depois desse ponto, o “forasteiro” começará lentamente a se afastar do Sol. De acordo com o guia de observação InTheSky.org, o 3I/ATLAS poderá ser visto novamente a partir de 3 de novembro, pouco antes do amanhecer, a 9º acima do horizonte leste. Ele permanece visível até 17 de novembro, na Constelação de Virgem, cerca de três graus mais alto e em torno de 10 minutos mais cedo a cada madrugada.
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Periélio deve dar injeção de brilho no visitante interestelar
Quando reaparecer, o cometa deverá estar mais brilhante e com uma coma maior, resultado da liberação de gases e poeira durante a aproximação com o Sol. Telescópios terrestres, satélites em órbita e até sondas em rota para Júpiter acompanharão o visitante, que em meados do ano que vem deixará o Sistema Solar para nunca mais voltar.
As manhãs de novembro e dezembro serão ideais para observá-lo, especialmente com telescópios de médio e grande porte. Mesmo com brilho modesto (de magnitude 11), o 3I/ATLAS será um alvo interessante para astrônomos amadores e profissionais enquanto cruza as constelações de Virgem e Leão.
Em 2026, o cometa seguirá seu caminho em direção à constelação de Gêmeos, desaparecendo novamente no espaço interestelar. Antes dele, os outros objetos desse tipo detectados foram o asteroide 1I/‘Oumuamua (2017) e o cometa 2I/Borisov (2019).
Como destaca o Universe Today, a descoberta precoce do 3I/ATLAS, ainda a 4,5 UA do Sol (cerca de 675 milhões de km), mostra como a capacidade de detectar visitantes interestelares está avançando. Com a recente entrada em operação do Telescópio Vera C. Rubin, instalado no Chile, espera-se que o número dessas raras descobertas aumente consideravelmente, revelando novas pistas sobre o que existe além dos limites do Sistema Solar.
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