Todas as sextas-feiras, ao vivo, a partir das 21h (pelo horário de Brasília), vai ao ar o Programa Olhar Espacial, no canal do Olhar Digital no YouTube. O episódio da última sexta-feira (10) (que você confere aqui) difundiu as novas imagens do visitante interestelar 3I/ATLAS em sua passagem por Marte.
O divulgador científico Alexsandro Mota respondeu às principais dúvidas sobre esses registros, principalmente as hipóteses que viralizaram pela internet. Mota é também astrofotógrafo e criador do projeto Mistérios do Espaço, que conta com um blog e perfis no Facebook, Instagram e YouTube.
Satélites em Marte fotografaram o cometa interestelar
Na última semana, os satélites ExoMars Trace Gas Orbiter (TGO) e Mars Express, em órbita de Marte, registraram imagens do cometa interestelar 3I/ATLAS. O corpo celeste passou a cerca de 30 milhões de quilômetros do planeta, distância suficiente para ser captado pelas sondas. O rover Perseverance também apontou sua câmera para o céu e obteve registros inéditos.
Segundo Mota, não se esperava imagens de alta qualidade vindo dessas tecnologias. “Sabíamos que não sairia nada exuberante. Esperávamos fotos em baixa resolução, bem simples e escuras”, comentou.
O rover utilizou sua câmera de navegação Navcam para captar o cometa, levando cerca de dez minutos para gerar a imagem final. Nesse período, o objeto espacial percorreu uma longa trajetória, o que resultou em um efeito luminoso alongado.
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A ExoMars ativou seu instrumento CaSSIS (sigla para Sistema de Imagens de Superfície Coloridas e Estéreo) para registrar o momento. A sonda captou uma sequência de imagens que mostra um ponto branco se movendo lentamente: o 3I/ATLAS.
Os especialistas relataram que chegar a esse resultado foi um desafio técnico para o satélite. “A Exomars não foi projetada para observar objetos interestelares. Ela tem tecnologia para estudar a atmosfera de Marte e mapear os gases que estão lá”, explicou o divulgador científico.
Imagens levantaram suspeitas pela internet
Nas fotos, é possível ver a nuvem difusa que envolve o núcleo gelado do cometa, conhecida como coma. Ela se forma à medida que o objeto se aproxima do Sol: o calor aquece o material congelado, liberando gases que se estendem por centenas de milhares de quilômetros.
Após a divulgação das novas imagens, especulações rodaram as redes sociais. “Surgiram hipóteses de que o cometa teria 50 mil quilômetros. Não é bem isso”, disse Marcelo Zurita, astrônomo e apresentador do Olhar Espacial.
Segundo Zurita, a medição realizada pelo telescópio Hubble segue um método mais preciso. Com o equipamento, pesquisadores analisaram a região mais densa da coma do 3I/ATLAS e estimaram um diâmetro de 4,5 quilômetros. Esse valor não representa o tamanho exato do cometa, mas sim sua medida máxima. “Ele pode ter, no máximo, entre 4,5 e 5 quilômetros”, explicou o astrônomo.
O rastro deixado pelo objeto nas fotos também gerou debates. A partir de uma análise do efeito luminoso, surgiram hipóteses de que o cometa seria um corpo cilíndrico.
O astrônomo explicou: “o efeito dessa imagem é parecido com o das fotos noturnas de carros em uma rodovia, quando as luzes dos faróis formam trilhas contínuas. Esse fenômeno é resultado da longa exposição, que faz com que objetos em movimento apareçam alongados na imagem”.
Segundo os especialistas, a aparência cilíndrica do objeto espacial é apenas um efeito fotográfico. O que se observou em outros telescópios, como o James Webb e o Hubble, é que o 3I/ATLAS é um cometa como outros, sem alterações em sua forma.
“É necessário um estudo aprofundado do 3I/ATLAS. Embora acredito que não seja tecnologia alienígena, ele não deixa de ser um objeto interessante”, concluiu Mota.
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