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Visitante interestelar pode ter escapado de “tiro de plasma” do Sol

by Fesouza
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Há pouco mais de 10 dias, o cometa SWAN (C/2025 R2) quase teve sua cauda arrancada por uma rajada de vento solar. Esse tipo de desconexão é comum em cometas que cruzam o caminho de algum fluxo de material ejetado pelo Sol. Mas, em todos os casos conhecidos, o objeto afetado era nativo do Sistema Solar. Por isso, não se sabe o que aconteceria se a “vítima” fosse um visitante interestelar – e parecíamos estar prestes a descobrir.

Isso porque, de acordo com um modelo de previsão da NASA, uma ejeção de massa coronal (CME) – jato de plasma e campos magnéticos disparados por erupções solares – lançada no dia 19 de setembro iria golpear o cometa 3I/ATLAS entre a última quarta (24) ou quinta-feira (25), fornecendo a primeira oportunidade para os astrônomos investigarem esse tipo de impacto.

Visitante interestelar pode ter escapado de “tiro de plasma” do Sol
Cauda de íons do cometa SWAN R2 está extremamente ativa ao ser atingida pelo vento solar. Crédito: Gerald Rhemann via Spaceweather.com

No entanto, ainda não há nenhuma confirmação oficial do impacto, o que pode significar que o objeto conseguiu “escapar” do “tiro”, embora alguns veículos internacionais especulem que ele teria sido atingido enquanto passava a 219 mil km/h em direção a Marte.

Brilho do cometa 3I/ATLAS aumentou 40 vezes em setembro

Em toda a história da observação astronômica, foram detectados apenas três objetos vindos de outras partes da nossa galáxia, a Via Láctea. Primeiro, o asteroide ‘Oumuamua, em 2017. Dois anos depois, o cometa Borisov. E, este ano, o cometa 3I/ATLAS, descoberto em julho. 

Nenhum deles foi atingido por CMEs, portanto, um possível incidente com o “forasteiro” da vez representaria uma chance única, principalmente por dois motivos. Primeiro porque dentro de pouco tempo, o objeto deixará de ser visível para a Terra, já que estará do outro lado do Sol a partir do início de outubro, enquanto se dirige à aproximação máxima com o astro (ponto chamado de periélio), prevista para dia 29. Além disso, o brilho do cometa aumentou cerca de 40 vezes desde o começo deste mês.

Em 17 de setembro, os astrônomos amadores e astrofotógrafos austríacos Gerald Rhemann e Michael Jäger, conhecidos por suas contribuições de cometas, tiraram a foto abaixo. A imagem confirma o considerável aumento de brilho, com a alteração de 16 para 12 na magnitude do corpo celeste.

Visitante interestelar pode ter escapado de “tiro de plasma” do Sol
Brilho do cometa 3I/ATLAS aumentou cerca de 40 vezes desde o começo de setembro. Gerald Rhemann e Michael Jäger via Spaceweather.com

Quanto menor esse número, mais brilhante é o objeto. Para poder ser visto a olho nu, ele deve ter magnitude abaixo de 6 (em céus totalmente escuros) ou inferior a 2 (em céus com poluição luminosa, como de grandes centros urbanos). 

Segundo a plataforma de meteorologia e climatologia espacial Spaceweather.com, como o aumento de brilho ocorre em verde, isso mostra que, ao se aproximar do Sol, o cometa libera mais carbono diatômico, um gás que brilha nessa cor quando é atingido pela luz solar ultravioleta.

Em resumo:

  • Alerta relatou que uma CME foi prevista por modelos para interceptar a trajetória de 3I/ATLAS entre 24 e 25 de setembro;
  • Nenhum comunicado oficial da NASA, da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA) ou da comunidade científica foi emitido dizendo que o cometa foi “bombardeado”;
  • Há tão somente previsões/modelos indicando que uma CME poderia cruzar o caminho do cometa nas datas mencionadas;
  • Nem o SpaceWeather.com, as páginas de observatórios solares ou a equipe do  Sistema de Último Alerta para Impacto de Asteroides com a Terra (ATLAS, na sigla em inglês) divulgaram imagens ou boletins confirmando a colisão;
  • Nenhum indício de fragmentação ou perturbações que evidenciem impacto foi reportado.

Portanto, boa parte da comunidade astronômica continua com a atenção voltada para o 3I/ATLAS. Se o impacto da CME previsto acabar se confirmando em algum momento, isso vai revelar como um visitante interestelar reage a uma rajada de plasma solar, o que pode desvendar segredos sobre a composição e a resistência desses corpos diante de forças extremas.

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Imagem obtida pelo telescópio espacial SPHEREx, da NASA, mostra uma abundância de dióxido de carbono na coma do cometa 3I/ATLAS. Crédito: NASA/SPHEREx

Leia mais:

Visitante interestelar 3I/ATLAS é o cometa mais pesado de todos?

Medir a massa de um cometa não é fácil. Diferente de planetas ou luas, não dá para calcular pelo movimento de satélites naturais.

Para estimar a do 3I/ATLAS, astrônomos analisaram milhares de observações feitas por mais de 200 telescópios entre maio e setembro. Eles compararam a trajetória prevista apenas pela gravidade do Sol com a rota real do objeto.

Como resultado, descobriram um núcleo de pelo menos cinco quilômetros de diâmetro e uma massa superior a 33 bilhões de toneladas. Mas, será que isso significa que ele é o mais pesado entre todos os cometas? Não, não é bem assim – entenda aqui.

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