Um estudo divulgado nesta semana sobre a Confiança na Ciência no Brasil em tempos de pandemia, conduzido pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Comunicação Pública da Ciência e da Tecnologia (INCT-CPCT), revelou que a maioria dos brasileiros (68,9%) confia ou confia muito na ciência.
Embora o percentual não seja tão baixo, a taxa é menor do que indicam pesquisas recentes, como o Índice do Estado da Ciência, realizado pela empresa 3M (EUA) em 2022, que apontou um índice global de 90% na afirmação “eu confio na ciência”.
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De acordo com informações da Agência Brasil, para pesquisadores, um dos fatores que pode ter influenciado neste recuo é a desinformação, que cresceu em quantidade e impacto durante a pandemia de covid-19. No entanto, eles também destacam que é preciso ter cautela com comparações desse tipo, que podem não ser precisas “devido às diferenças na formulação das perguntas ou na apuração dos resultados”.
Imagem: Cientista olhando reações químicas no microscópio. Créditos: Gorodenkoff/Shutterstock
As fontes mais confiáveis
Entre as fontes de informação que mais inspiram confiança nos brasileiros, conforme a pesquisa, estão os cientistas, identificados pelos entrevistados como honestos e responsáveis por um trabalho que beneficia a população. As escolhas mais frequentes dos entrevistados como fontes confiáveis de informação foram:
Médicos (60,1%);
Cientistas (47,3%), dos quais 30,6% são de universidades ou institutos públicos de pesquisa e 16,7% trabalham em empresas;
Jornalistas (36,4%).
“Artistas e políticos são citados com menor frequência, com 1,5% cada”, indicou. Somente 3,5% revelaram que a ciência não traz “nenhum benefício” para a humanidade.
Sobre as instituições de pesquisas, 25% lembraram de citar uma com mais destaque. As mais mencionadas foram:
Instituto Butantan;
Fiocruz;
USP.
Imagem: shutterstock/Chinnapong
Os brasileiros confiam na vacina?
De modo geral, os entrevistados têm percepções e atitudes positivas sobre vacinação, especialmente em relação aos imunizantes contra a covid-19. A avaliação é que são seguros, eficazes e importantes para proteger a saúde pública e acabar com a pandemia, no entanto, há uma parcela com receios e que, inclusive, não planeja tomar doses de reforço.
86,7% dos entrevistados consideram as vacinas importantes para proteger a saúde pública; 75,7% como seguras;69,6% como necessárias; 46,4% acham que elas produzem efeitos colaterais que são um risco; 40% desconfiam que as empresas farmacêuticas esconderiam os perigos das vacinas;46,7% dos entrevistados acreditam que o governo federal forneceu informações falsas sobre a vacina contra a covid-19; 13% dos entrevistados indicaram que não pretendem tomar doses de reforço; 8% dos que têm filhos ou menores sob sua responsabilidade declararam não ter a intenção de vaciná-los.
Os pesquisadores observaram que a chance de recusar vacinas aos filhos é muito maior entre os homens e cresce entre as pessoas que declaram que “o crescimento econômico e a criação de empregos devem ser prioridades máximas, mesmo quando a saúde da população sofra de algum modo”.
“[pessoas que] declaram que os avanços econômicos devem ter prioridade sobre políticas de combate à desigualdade, ou que o mercado deve ter prioridade sobre a saúde, têm maiores chances de considerar elevado o risco das vacinas”, acrescentou o documento.
Em suma, a hesitação vacinal está associada, “em parte, à escolaridade, à familiaridade com conceitos científicos e ao conhecimento de instituições científicas, sendo fortemente influenciada pelo grau de engajamento dos entrevistados na sociedade civil e na política, pelos posicionamentos econômicos e pelos valores”.
Imagem: shutterstock
Maioria também acredita que mudanças climáticas são culpa da ação humana
A maioria da população brasileira (91%) acredita que estão ocorrendo as mudanças climáticas, enquanto para menos de 6% elas não existem. Nesta última parcela, há diferenças significativas. “Modelos de regressão mostram que a chance de um entrevistado declarar não haver mudança climática aumenta muito entre pessoas que também dizem não confiar na ciência ou cuja confiança na ciência diminuiu durante a pandemia.”
Para 85,8% dos que acreditam na existência das mudanças climáticas, a causa é a ação humana; 12,4% acreditam que elas são provocadas por mudanças naturais do meio ambiente; 78,3% acreditam que as mudanças climáticas estão prejudicando a qualidade de vida no Brasil; 81% que elas podem prejudicar a si e a suas famílias; 82,8% citaram que as próximas gerações também serão afetadas.
Quando se trata da opinião sobre os esforços nacionais para preservação do meio ambiente, a avaliação se divide: 30,6% concordam que o Brasil é um dos países que melhor preserva o meio ambiente e 42,8% discordam da afirmação.
O estudo foi realizado entre agosto e outubro deste ano e 2.069 pessoas com 16 anos ou mais foram entrevistadas. A margem de erro da pesquisa é 2,2%, em um intervalo de confiança de 95%. As entrevistas foram domiciliares, pessoais e individuais.
Em conclusão, a visão dos pesquisadores é que “a percepção majoritariamente positiva do público sobre a ciência e os cientistas, bem como a falta de evidências da existência de um movimento organizado de negacionistas da ciência no país, são achados importantes para orientar estratégias mais efetivas de combate à desinformação, direcionadas a grupos específicos de pessoas, que reagem de forma diferente aos diversos tipos de comunicação”.
Com informações da Agência Brasil
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