A corrida para o desenvolvimento do primeiro computador quântico em larga escala agita o mercado de tecnologia. Gigantes, como a Microsoft, Google, Amazon e IBM estão competindo acirradamente para tornar isso uma realidade, com algumas prometendo o lançamento comercial de um computador quântico para 2030.
No entanto, todo esse esforço visava o desenvolvimento do hardware necessário para que a máquina funcionasse. Como vimos, com esses sistemas próximos do mercado, agora o foco está no software que permitirá que os computadores realmente sejam úteis.
Avanços no software aceleram o lançamento de um computador quântico
Segundo matéria do Financial Times, publicada pela Folha de São Paulo, a empresa britânica Phasecraft, especializada em algoritmos quânticos, captou US$ 34 milhões (cerca de R$ 186,98 milhões) em investimentos para o desenvolvimento de um software específico para esses computadores.
Apesar do valor pequeno, quando comparado aos investimentos em hardware quântico, ele demonstra um crescente interesse em tornar usar a computação quântica para tornar a resolução de problemas mais eficiente e, como explica o Financial Times, tornar a máquina “presente na mente das pessoas”.
Para Ashley Montanaro, cofundador e diretor-executivo da Phasecraft, os algoritmos “serão a força motriz” para a aceleração da adoção dos computadores quânticos.
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Na computação clássica, as vantagens de algoritmos aprimorados nos últimos 30 ou 40 anos superam em muito os avanços no desempenho do hardware. Observamos o mesmo no espaço quântico.
Ashley Montanaro, cofundador e diretor-executivo da Phasecraft, ao Tech Journal.
Montanaro acredita que daqui um ano “veremos a computação quântica superando a computação clássica na resolução de um problema genuinamente significativo do ponto de vista científico”.
Qual o potencial do computador quântico?
Segundo o Financial Times, um pesquisador do Google disse ter encontrado uma forma de reduzir em 20 vezes o tamanho de um computador quântico necessário para rodar o algoritmo de Shor, um método capaz de quebrar os sistemas de criptografia usados atualmente.
E isso só foi possível devido às melhorias nos algoritmos quânticos nos últimos anos, que levaram a uma redução exponencial na quantidade de poder computacional necessário para sua execução, afirma Steve Brierley, da empresa de computação quântica Riverlane.
No entanto, para Peter Barrett, sócio da Playground Global, empresa de capital de risco, “o hardware quântico ainda não melhorou a ponto de poder executar esses algoritmos”. Mas, acredita ele, “há um ponto inevitável de convergência” entre eles e “estamos exatamente nesse limiar”, afirmou ao Financial Times.
Esses ganhos tornam cada vez mais próxima a possibilidade de máquinas quânticas executarem tarefas que os computadores atuais não conseguem.
Tanto que Montanaro prevê cálculos “cientificamente importantes” disponíveis até “a próxima primavera” (outono no Brasil), com usos comerciais “dentro dos próximos dois anos”.
Ainda assim, não há consenso sobre o que exatamente configura essa vantagem, com muitos especialistas acreditando que ainda levará anos para que os computadores quânticos entreguem o que estão prometendo.
Casos de uso mais concretos
- Por ora, as primeiras aplicações, segundo o Financial Times, se concentram em química e ciência dos materiais, com a Phasecraft desenvolvendo “uma maneira eficiente de aplicar (…) a teoria do funcional de densidade, que é usada para modelar o comportamento de átomos e moléculas”.
- A ideia é usar um algoritmo quântico para agilizar uma parte do processo, criando uma aplicação híbrida. Segundo Barrett, até “pequenas melhorias” já trazem grande avanço na compreensão da química e no modo de interagir com sistemas químicos.
- Montanaro alerta, entretanto, que estamos passando “por uma espécie de pico de exagero quântico”, e que os resultados de curto prazo ainda serão limitados. Ainda assim, os primeiros resultados atraíram o interesse de empresas como a Novo Nordisk, que também participou da rodada de investimentos por meio de uma coligada, já que as técnicas criadas pela Phasecraft podem contribuir para o desenvolvimento de novos medicamentos.
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