No dia 20 de agosto de 1977, a sonda Voyager 2 começava sua jornada. Ela é o segundo objeto mais distante já lançado pela humanidade (atrás apenas da Voyager 1, que foi lançada depois, mas em uma trajetória mais rápida). Hoje, embora esteja a 20 bilhões de quilômetros da Terra, ela segue enviando informações em sua missão de explorar o espaço profundo, mas quanto tempo esse trabalho ainda vai durar?
“A Voyager é a mais longa missão da história da exploração espacial e suas sondas, a Voyager 1 e 2 são os artefatos humanos mais distantes da Terra na atualidade. Para se ter ideia, o sinal de rádio da Voyager 1, viajando na velocidade da luz, leva mais de 21 horas e 45 minutos para chegar até nós”, explica o colunista do Olhar Digital, Marcelo Zurita,
Mas depois de tanto tempo, o sinal entre a sonda e Terra pode estar com os dias contados. O fator mais limitante não é a distância ou a exposição ao espaço, mas sim a quantidade de energia que a sonda consegue gerar.
Segundo a NASA, a Voyager 2 é alimentada por um gerador termoelétrico de radioisótopos (RTG) que utiliza plutônio para gerar eletricidade. Com o tempo, a produção de energia desse gerador diminui, forçando a equipe a desligar gradualmente os instrumentos a bordo.
Espaçonave já perdeu contato algumas vezes
Além da distância, a nave já perdeu o sinal algumas vezes. Em 2023, um desvio acidental de apenas 2 graus foi suficiente para causar uma interrupção na transmissão de dados entre a sonda e a Terra.
Já em 2020, a NASA ficou sete meses sem receber dados da sonda devido a um problema no radiotelescópio do DSN (Deep Space Network) localizado em Canberra, na Austrália. Os transmissores de rádio da antena não recebiam reparos desde a sua construção. Em ambos os casos, o sinal foi reestabelecido.
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Lembrando que, há pouco tempo, sua irmã gêmea teve problemas com o sinal. Esse foi o caso da Voyager 1, que também está no final de seu contato com a Terra e sofre mais com quedas de sinal.
Quando a energia da Voyager 2 vai acabar?
Para lidar com a escassez de energia, os engenheiros estão desligando gradualmente os instrumentos científicos a bordo da sonda. Eles já tiveram que desligar o instrumento de ciência de plasma (PLS) em 2024 e, este ano, foi a vez do instrumento de partículas carregadas de baixa energia (LECP).
A próxima etapa é monitorar os recursos da Voyager 2 para decidir qual será o próximo instrumento a ser desligado quando necessário, de modo a manter a sonda operante por muito mais tempo e enviando mais dados vitais para nós.
A NASA estima que a energia será suficiente para manter as comunicações e alguns instrumentos científicos essenciais funcionando até meados da década de 2030, mas isso depende de como a equipe de engenheiros continuará a gerenciar os sistemas de energia da sonda.
Mais precisamente, a NASA calcula que a Voyager 2 deve continuar enviando dados científicos limitados até 2027. Entre 2027 e 2030, a espaçonave ainda pode mandar sinais de telemetria, embora muito fracos.
As descobertas da Voyager 2 revolucionaram nosso entendimento do Sistema Solar exterior, revelando a complexidade e diversidade dos planetas gigantes e suas luas. A sonda descobriu fenômenos surpreendentes, como os gêiseres de gelo da lua de Netuno, Tritão, os vulcões ativos de Io (lua de Júpiter), e os detalhes intricados dos anéis de Saturno. Ela identificou a Grande Mancha Escura em Netuno e forneceu as únicas imagens close-up de Urano e Netuno, descobrindo novos anéis e luas ao redor desses planetas.
Após tanto trabalho, ela se tornará uma cápsula do tempo silenciosa, levando consigo uma fita e um disco de ouro com informações sobre a nossa civilização. O destino? Eras e povos em algum futuro distante. Apesar de seus quase 50 anos no espaço, a missão da Voyager 2 pode estar apenas começando…
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