Google terá que pagar US$ 425 milhões em ação sobre coleta de dados sem autorização

A justiça dos Estados Unidos condenou o Google a pagar US$ 425 milhões por violação de privacidade ao coletar dados de usuários mesmo após a desativação de um recurso de rastreamento, conforme decisão publicada na quarta-feira (3). O montante equivale a R$ 2,3 bilhões pela cotação do dia.

Essa condenação é relacionada a uma ação coletiva aberta em julho de 2020, representando cerca de 98 milhões de usuários de serviços da companhia de Mountain View e 174 milhões de dispositivos. Segundo os autores, a big tech rastreou seus aparelhos sem consentimento durante anos.

Usuários de serviços do Google foram rastreados mesmo após solicitarem que isso não acontecesse. (Imagem: Getty Images)

Autores queriam indenização de US$ 31 bilhões

A multa de R$ 425 milhões aplicada ao Google poderia ter sido muito maior. Originalmente, os demandantes solicitaram US$ 31 bilhões (R$ 168 bilhões) em danos compensatórios, mencionando três alegações de violação de privacidade, o valor dos dados coletados, o número de dispositivos afetados e o tempo de rastreamento.

  • No entanto, a justiça americana considerou que a companhia era culpada em apenas duas das alegações;
  • Conforme o júri, a gigante das buscas não deixou de cumprir a Lei Abrangente de Acesso a Dados de Computador e Fraude da Califórnia e não agiu por maldade;
  • Dessa forma, os autores não têm direito a nenhum dano positivo, o que levou à redução da quantia que será paga pela parte condenada;
  • O valor definido agora é inferior ao acordo de quase US$ 1,4 bilhão (R$ 7,6 bilhões) pago pela empresa em um processo de privacidade semelhante no Texas, no início do ano.

Segundo o autor principal da ação mais recente, Anibal Rodriguez, o Google coletou dados de dispositivos de usuários que desativaram opções como rastreamento na web e atividade de aplicativos por pelo menos oito anos. O ajuste feito nas configurações impedia o monitoramento da utilização de serviços como Google Maps, Google News e Chrome.

A acusação também disse que a big tech mentiu ao informar que seus clientes poderiam controlar as informações coletadas. “Nada disso é verdade. Esta é uma situação em que as pessoas tiveram uma suposta escolha, mas nenhum controle”, apontaram os advogados dos autores.

Os autores disseram que pelo menos 174 milhões de dispositivos foram impactados pelo rastreamento sem autorização. (Imagem: Getty Images)

O que disse o Google?

No julgamento, a empresa afirmou que os dados coletados não traziam informações pessoais e individualizadas, ressaltando que esses conteúdos ficam armazenados em locais seguros e protegidos por criptografia. Ela também informou que o material não está associado às contas dos usuários.

Após o veredito, o porta-voz do Google, Jose Castaneda, disse à Reuters que a decisão da justiça se deve a uma interpretação equivocada do funcionamento dos produtos da marca. “Nossas ferramentas de privacidade dão às pessoas controle sobre seus dados e, quando desativam a personalização, honramos a escolha”, destacou.

Conforme Castaneda, a big tech tem planos de apelar da decisão

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